Portal UnG (28/11/2007) – A UnG acaba de dar mais um significativo passo rumo à efetivação de seu projeto de ensino a distância. Na última sexta-feira (23), em evento realizado no Salão Nobre da Unidade Guarulhos-Centro, mais de 50 professores da Instituição receberam o certificado de capacitação técnica e pedagógica para o ensino on-line. Agora, são mais de 200 professores habilitados para desenvolver atividades pedagógicas no ambiente virtual. Muitos dos quais, aliás, já exploram a ferramenta como apoio às aulas presenciais. “Esses professores notaram que utilizar o ambiente on-line pode ser muito produtivo, uma vez que as metodologias contribuem para que o aluno seja co-responsável por sua aprendizagem e desenvolva competências para buscar novos conhecimentos de forma independente (aprender a aprender). A mesma percepção tiveram os estudantes”, relatou a coordenadora do Núcleo de Ensino a Distância da Universidade, Rosimeri Ferraz Sabino.

Segundo ela, já está sendo preparada para março de 2008 a capacitação pedagógica de mais 40 docentes; e a técnica de mais 60. “Nossa meta é de que até o final de 2009 tenhamos 100% do corpo docente da Universidade capacitado técnica e pedagogicamente para o ensino não presencial. Esta capacitação será fundamental para os planos da UnG de ofertar cursos híbridos (semi-presenciais) ou totalmente não presenciais.

Como iniciativas pilotos, no último semestre a UnG colocou à disposição dos estudantes quatro disciplinas para o cumprimento de dependências (DPs) on-line; para o início do próximo ano, esse número aumentará para nove.

Mestre em administração, com experiência na formação de docentes para o ensino a distância, Rosimeri Ferraz Sabino assumiu a coordenação do Núcleo de Ensino a Distância da UnG em agosto deste ano. Logo após a entrega dos certificados aos docentes, ainda no Salão Nobre, a especialista concedeu entrevista ao Portal UnG, onde revelou suas metas para o campo do ensino a distância da Universidade e enfatizou a importância do docente no projeto.

Portal UnG – Qual o contexto atual do projeto de implantação do ensino on-line na UnG?
Rosimeri – Ainda não temos definições em relação a datas. Atualmente, o projeto segue o caminho da experimentação e do aculturamento da idéia e dos princípios do EAD com os alunos e professores. Ainda em 2006, nós estipulamos que nosso primeiro passo seria a oferta de dependências on-line. Iniciamos, no segundo semestre deste ano, com a oferta de quatro DPs. Para o início de 2008, devemos somar mais cinco, com a previsão de aumento para os próximos semestres. A intenção da UnG, no médio prazo, é mesclar as modalidades de ensino (50% a distância e 50% presencial), além da oferta de cursos 100% a distância. Dessa maneira, conseguiremos atender dois diferentes públicos.

Portal UnG – Como os professores estão recebendo a idéia do ensino on-line? Até pouco tempo atrás, havia um certo ceticismo em relação ao ensino on-line, uma vez que existia o pensamento de que a atividade docente poderia ser substituída pela máquina.
Rosimeri – Primeiramente, é bom que se esclareça um fato: os professores são e continuarão sendo fundamentais no processo de ensino-aprendizagem, seja ele presencial ou a distância. Aqui na UnG, existe um grande público docente que está aos poucos se aproximando dessa nova realidade da educação. Os que já estão capacitados, ou em vias de, mostram que estão dispostos a enfrentar todos os desafios do mundo virtual, inclusive no que se refere à questão pedagógica. Muitos professores acreditam que a maior dificuldade que terão de enfrentar é dominar a ferramenta de ensino on-line, quando na verdade, o grande desafio, é adaptar a postura de educando a essa nova maneira de aprender. Comunicar um conteúdo numa sala de aula, em frente aos alunos, é completamente diferente de trabalhar a distância. Essa, na minha visão, é a maior barreira. Nossa expectativa é a de que o público já capacitado passe aos demais suas experiências, mostrando que a EAD não é uma substituta da educação presencial, mas, sim, mais uma modalidade de ensino. Pretendemos ter 100% do corpo docente capacitado para o ensino on-line até 2009. É claro que iremos manter esse programa de capacitação, uma vez que, conforme a atualização da plataforma, teremos de oferecer uma espécie de reciclagem.

Portal UnG – E a recepção do ensino on-line por parte do corpo discente da Instituição?
Rosimeri – Vem sendo muito bem aceito. Não houve sequer um resquício de resistência. Pelo contrário: os alunos dizem que a utilização da plataforma de EAD como apoio às aulas presenciais facilitou muito suas vidas. Os materiais disponibilizados na central de cópias; as comunicações passadas para o representante de sala propagar; e as dúvidas sanadas em horários específicos são trâmites que agora podem ser feitos 24 horas por dia, sete dias por semana. Essa facilidade fez com que eles entendessem a importância da instalação dessa modalidade de ensino. Há casos em que os próprios estudantes estão solicitando ao professor que ele abra sua disciplina no ambiente virtual.

Portal UnG – A oferta de DPs on-line teve início no último semestre e será ampliada para o início do ano. A idéia é ter 100% das dependências em ambiente virtual?
Rosimeri – Inicialmente, foram estudadas quatro DPs que apresentavam viabilidade de serem ofertadas em ambiente virtual. Agora, esse número já cresce para nove disciplinas. Há uma tendência de expandirmos ainda mais no segundo semestre de 2008, mas não existe uma definição sobre todas se tornarem on-line; até em virtude de um estudo preliminar que a Universidade deverá realizar sobre a parte pedagógica de cada disciplina. Pode ser que algum conteúdo não se ajuste ao formato virtual.

Portal UnG – A adoção do EAD por respeitadas instituições do Brasil e do mundo tornou-se habitual. A realização cada vez mais assídua de eventos voltados ao tema, como o que a UnG participou em outubro, em São Paulo, retrata um pouco essa popularização do ensino a distância. Na sua visão, qual a importância dessa massificação?
Rosimeri – A educação tem de acompanhar a dinâmica da vida social e corporativa da sociedade, pois estamos formando profissionais para um mercado em que a virtualidade se tornou indispensável. O fato de os nossos alunos estarem próximos dessa ferramenta já os coloca um passo à frente dos que não estão. A utilização de Orkut, MSN, e-mails, etc. tornou-se mais que habitual na vida dos universitários. Ou seja: a universidade e os próprios professores não podem fazer vistas grossas para isso. As instituições de educação do Brasil estão adotando com atraso o ensino a distância. Em grande parte do mundo isso é realidade há muito tempo. O que temos de fazer para alcançar as grandes potências é continuar andando a passos largos rumo à consolidação do EAD.

Portal UnG – Quais as principais vantagens de ensinar a distância?
Rosimeri – O EAD viabiliza o estudo em qualquer horário. Hoje, as pessoas desenvolvem diversas atividades em ambientes e horários distintos, ou seja, as agendas estão cada vez mais apertadas. Nem sempre os horários disponibilizados pelas IES acompanham essa dinâmica. Para a pessoa que pensa tardiamente na formação universitária, a questão tempo é ainda mais difícil de ser administrada. Dificilmente ela mudará sua rotina de trabalho e família para se dedicar aos estudos. Com a virtualidade, no entanto, é possível estudar no intervalo de uma dessas atividades. Além disso, a necessidade de constante atualização para o mercado exige que conhecimentos sejam trabalhados com mais agilidade, sob o risco de se tornarem obsoletos em um curto espaço de tempo. O EAD também pode suprir essa necessidade, pois durante o período de sua formação universitária o indivíduo pode aperfeiçoar-se através de cursos a distância. Eu acredito que até 2010 o EAD será a solução para a formação de mão-de-obra qualificada no País, seja em nível técnico, de graduação ou de pós-graduação.

Portal UnG – Por que a escolha da Plataforma Moodle?
Rosimeri – Quando a UnG começou a desenhar o projeto de ensino a distância, a equipe multidisciplinar constituída na época fez um levantamento das opções de plataformas livres que existiam no Brasil. Muitos podem perguntar: “Por que livre?” Não é pelo simples fato de não ter custos para a Instituição. A filosofia do software livre é a de uma construção colaborativa. Existem professores, programadores e pesquisadores de diversas áreas trabalhando voluntariamente para desenvolver a melhor ferramenta de ensino a distância. Essas pessoas estão geograficamente distribuídas pelo mundo inteiro. Assim como no ensino virtual, eles trocam mensagens e aperfeiçoam a plataforma, adequando-a de acordo com suas experiências e a dos usuários da plataforma. O Moodle é o software que apresenta o melhor desempenho nessa modalidade. Ele reúne as condições necessárias para que o professor possa desempenhar todas as suas funções sem dificuldades. É possível, por exemplo, disponibilizar simples materiais de texto até sons e vídeos. Hoje, o Moodle é a plataforma mais adotada em todo o mundo. A versão que utilizamos é a 1.5. Como tudo no campo virtual, porém, ela vem sendo aperfeiçoada. E a UnG está acompanhando esse processo.