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sexta-feira, 20 de junho de 2008

A carreira na velocidade do mercado

Com crescimento superior a 600% em 10 anos, os cursos tecnológicos variam de 2 a 3 anos e vão ao encontro da necessidade do mercado de trabalho
No início de 2007, a companhia JB Industrial conquistou a tão sonhada certificação ISSO 9001. Fato corriqueiro e indispensável no setor industrial em nossos dias, não fosse a JBI o primeiro cliente da Universo Consultoria, empresa comandada por um quinteto de alunos do curso de graduação tecnológica em Gestão da Qualidade da UnG. “O desafio do grupo foi certificar o cliente. E eles conseguiram em tempo recorde e com desempenho surpreendente. Estamos formando profissionais extremamente competentes”, disse o diretor-adjunto do curso, prof. Vito Carone.

A ação desenvolvida pelos cinco estudantes faz parte do Projeto Integrador, uma atividade específica desenvolvida pela graduação tecnológica da UnG para inserir os alunos na realidade da profissão. Essa, aliás, é a principal meta dessa modalidade de ensino superior, que nos últimos dez anos cresceu mais de 600%. “Há uma grande preocupação em relação à empregabilidade no País, e os cursos tecnológicos respondem de forma mais direta a ela. Esse ensino está extremamente sintonizando às aspirações do mercado, faminto por mão-de-obra qualificada e preparada”, expõe o secretário da Secretária de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC), Eliezer Pacheco. “A empregabilidade só não é de 100% porque muitos formandos não ingressam no mercado imediatamente”, completa.

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2004 foram registradas mais de 150 mil matrículas na graduação tecnológica; e o mercado recebeu 26 mil profissionais formados nessa modalidade de ensino. Apesar do boom dos últimos anos, o levantamento da entidade mostra que os tecnológicos correspondem a cerca de 10% do total de matrículas, deixando os quase 90% para os cursos de licenciatura e bacharelado. Em países desenvolvidos, 50% dos vestibulandos optam por graduações tecnológicas. “O Brasil começou a investir muito tarde em educação tecnológica, mas gradativamente está superando isso”, expõe o secretário.

Hoje, no Brasil, existem 4.194 cursos superiores de tecnologia reconhecidos pelo MEC, que reduziu a 96 denominações e os dividiu em dez áreas do conhecimento visando – nas palavras do ministro da Educação, Fernando Haddad – “moralizar” o setor. São elas: produção alimentícia; recursos naturais; produção cultural e design; gestão e negócios; infra-estrutura; controle e processos industriais; produção industrial; hospitalidade lazer; informação e comunicação; ambiente, saúde e segurança.

Mas o que está levando as instituições de ensino, o MEC e os próprios vestibulandos a apostarem na graduação tecnológica? Eliezer Pacheco acredita que deve-se aos critérios procura, mais profissionais capacitados em menor tempo; reconhecimento do mercado e custo final mais acessível. “Os cursos tecnológicos têm duração média de dois a três anos. O estudante pode concluí-lo, ingressar no mercado de trabalho rapidamente e partir para a educação continuada. Isso beneficia as IES, pela demanda de estudantes e possibilidade de continuar com o aluno numa pós-graduação; o País, que terá cada vez mais profissionais habilitados; e os vestibulandos, uma vez que terão um amplo mercado de atuação e poderão, com o mesmo tempo que dedicariam a uma graduação convencional, cursar um tecnológico e uma especialização”, explica Pacheco.

Pesquisa feita pela Associação Nacional de Educação Tecnológica (Anet) com 6.515 estudantes, aponta que a idade média dos que optam pelos cursos tecnológicos é de 29 anos. A maioria deles (86%) trabalha em áreas como comércio, tecnologia e indústria e exerce atividades profissionais relacionadas com o curso escolhido.

Atenção – De acordo com o secretário da Setec, embora o quadro da educação tecnológica esteja promissor, o vestibulando precisa selecionar cautelosamente a instituição que irá estudar. Analisar a proposta pedagógica e o vinculo do curso com o mercado de trabalho, as instalações da IES e a experiência profissional do corpo docente é extremamente importante.

O Ministério da Educação tem dedicado atenção especial aos tecnológicos. Além a criação do catálogo dos cursos, a entidade passou a avaliá-los através do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
A modalidade, que até hoje não participava do exame, fará parte das três etapas existentes do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes), que tem como objetivo avaliar as instituições de ensino, os cursos e o desempenho dos estudantes em relação ao conteúdo programático.

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