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terça-feira, 17 de abril de 2007

Uma homenagem mais do que justa

Único dentista bicampeão do mundo pela seleção brasileira, Mário Trigo é homenageado na UnG
Aos 95 anos de idade, Mário Trigo tem na ponta da língua a receita para a longevidade: comer pouco e bem, tratar dos dentes e – o que ele considera mais importante – ter alegria. Ingrediente que, aliás, o dentista bicampeão do mundo pelas seleções brasileiras de 58 e 62 esbanjou no evento Futebol: passado e presente, promovido pela UnG, com o apoio do Internacional Shopping Guarulhos, na noite da última segunda-feira (16) em sua Unidade-Centro.

Piadista nato, Trigo fez com a platéia, formada em sua maioria por jovens alunos, os quais talvez nem tiveram a oportunidade de acompanhar a atuação do dentista, o mesmo que fez com os jogadores das seleções: abrir a boca. Para rir.

Entre piadas e causos, Mário Trigo contou sua trajetória de vida, desde quando jogou futebol de várzea no Fluminense até seu ingresso na comissão técnica da seleção brasileira. História que ele repete, com detalhes, em seu livro O Eterno Futebol, para o qual fez uma noite de autógrafos também na UnG. “Penso que, como eu, todos os senhores têm uma linda história de vida e de amor à profissão abraçada para contar, a qual, evidentemente, na atualidade, conta com técnicas e processos de trabalho já bem mais avançados do que no meu tempo de profissional, cujo início está na primeira metade do século passado”, iniciou Trigo.

Como expectadores da declamação de sua epopéia também estavam grandes nomes do esporte, como Pepe, santista com 97 títulos na carreira, entre os quais duas copas do mundo, também em 58 e 62; o médico Joaquim Grava; o jornalista Lucas Neto; o ex-treinador Mário Travaglini; o ex-volante do Corinthians Badeco; e o médico Beny Schmidt; além de fãs incondicionais do futebol, como o chanceler, prof. Antonio Veronezi, o vice-reitor de Cultura e Integração Comunitária, prof. Nelson Figueiredo Filho, e o gerente de Comunicação e Marketing da UnG, Sandoval Nassa.

Entre as histórias contadas por Mário Trigo estiveram o fato de ter extraído 118 dentes da comissão formada por 33 pessoas convocada para a Copa de 1958 e algumas das gafes de Garrincha. “Nos dias de folga, nós, da comissão técnica, tínhamos de acompanhar os jogadores por um passeio pela cidade onde ficávamos hospedados. Eu sempre acompanhava o Garrincha. Numa certa ocasião, na Suécia, ele disse que gostaria de comprar gravatas “estrangeiras” para seus amigos. Disse a ele: vá até a loja que eu te espero aqui fora. De repente o Garrincha sai sem nada na mão. Aí eu perguntei: cadê as gravatas? Ele falou: “Não comprei. O vendedor me disse que só tem gravatas nacionais. Ora, nacional eu compro no Brasil mesmo”, contou o único dentista a fazer parte de uma comissão brasileira de futebol.

Depois da apresentação, Mário Trigo recebeu uma placa de homenagem do professor Antonio Veronezi, que afirmou ser uma honra ter na Universidade uma das pessoas de maior relevância do esporte nacional. “Povo que não tem memória não tem história. A UnG, sempre que pode, traz à tona algumas memórias. Mário Trigo, meu amigo pessoal, foi peça fundamental para as conquistas do Brasil em 58 e 62. Além de um dentista, ambas as seleções ganharam um psicólogo e um amigo. É por isso que tenho um imenso orgulho de poder fazer parte desta homenagem, mais do que justa, a esta personalidade”, disse Veronezi.

Em seu texto de apresentação do livro de Trigo, que chega à sua 2ª edição, o jornalista esportivo Juca Kfouri escreveu o seguinte parágrafo: “O eterno Futebol é isso. Uma história singela de alguém que chega aos 90 anos passando com leveza pela vida, verdadeiro artista que tratou dos dentes de um grupo de heróis brasileiros para que eles pudessem sorrir mais bonito e fazer gargalhar de felicidade uma nação inteira”. No entanto, Juca talvez tenha esquecido de dizer que, mesmo distante dos consultórios e do próprio futebol, esse simpático senhor de mais de nove décadas de vida ainda faz a nação gargalhar.

· Clique aqui e veja a trajetória de Mario Trigo

· Clique aqui e veja o texto da palestra de Mário Trigo
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