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terça-feira, 5 de junho de 2007

UnG é convidada para participar do projeto de avaliação da Reserva da Biosfera de São Paulo

Estudo é pioneiro no País. Convite deve-se aos bons resultados do Projeto Cabuçu
“As florestas urbanas têm importância fundamental para a vida nos grandes centros.” A afirmação é parte integrante dos discursos de 10 em cada 10 ambientalistas brasileiros. Embora seja quase que senso comum a idéia de que sem as grandes manchas verdes o oxigênio seria escasso e estaríamos sujeitos a grandes catástrofes, muitos dos benefícios das florestas urbanas precisam ser apresentados com ainda mais veemência para a sociedade e para as autoridades nacionais.

Por quê? “Pois só assim conseguiremos mostrar a necessidade de preservação e da criação de políticas que intimidem a ocupação urbana em áreas florestais”, enfatizou o coordenador da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde (RBCV) de São Paulo, Rodrigo Victor, durante visita ao Laboratório de Geoprocessamento da UnG.

A RBCV, que abrange 73 municípios e é considerada pela Unesco um patrimônio mundial, iniciará no próximo ano um projeto inédito no País: uma Avaliação Ecossistêmica do Cinturão. E a Universidade Guarulhos (UnG) é uma das entidades que irão colaborar com essa iniciativa. “Vamos reunir pesquisadores e entidades que conhecem e entendem toda essa região. A idéia não é desenvolver novas pesquisas, mas juntar os conhecimentos já existentes e transmitir os benefícios da Reserva para a sociedade”, explicou Victor, que é engenheiro ambiental. “Nesse contexto não poderíamos deixar de fora a UnG, que desenvolveu um projeto tão espetacular quanto o Cabuçu. Os resultados conquistados com ele servem de inspiração”, completa.

Segundo o professor Antonio Manoel de Oliveira, coordenador do Projeto Cabuçu, com essa avaliação subglobal, uma das únicas 30 do mundo aprovadas pela Coordenação Internacional da Avaliação Global, será possível apontar prováveis catástrofes, caso as áreas de mananciais continuem a ser ocupadas, como enchentes e aquecimento contínuo. “Mesmo com a colaboração do Cinturão Verde, o Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP) detectou aumento médio na temperatura de 2,1ºC nos últimos 75 anos na região metropolitana de São Paulo - medidos no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. Nos últimos 100 anos, o aumento médio global foi de 0,76ºC. Se o verde continuar a ser trocado por concreto e asfalto no Estado, com certeza essa temperatura continuará em evolução”, explicou Oliveira.

Além da UnG, participam atualmente do planejamento dessa avaliação o Instituto Florestal de São Paulo, a coordenação no Brasil da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde, a USP e o Instituto de Economia Agrícola.

Futurologia – Rodrigo Victor aproveitou a visita à UnG para falar sobre outros dois projetos. Um, ainda em início de conversação, trata-se do interesse de um instituto de pesquisa sueco em desenvolver, em parceria com a RBCV e a UnG, programas de uso sustentável de recursos naturais na região do Cabuçu.

O outro projeto é a realização, por parte da Universidade Guarulhos, do que os ambientalistas chamam de “cenário”. De acordo com Victor, a partir da atual situação do Núcleo Cabuçu, a UnG participará de uma espécie de exercício de futurologia. “Os pesquisadores da Instituição terão de mostrar como estará a região daqui há 30, 50 anos, levando em consideração duas possibilidades: a implantação de programas de preservação ambiental e a contínua ocupação desordenada das áreas de mananciais”, expõe o coordenador da RBCV. “O desenvolvimento do ‘cenário’ é um instrumento de sensibilização que abre portas para o diálogo com a comunidade”, complementa.

Para Oliveira, essa iniciativa irá fortalecer e dar um norte à criação de uma lei individual para a Área de Proteção Ambiental (APA) do Cabuçu-Tanque Grande, que é resultado do Projeto Cabuçu e um dos artigos da recém-aprovada Lei de Zoneamento de Guarulhos.

O início das ações para a realização do “cenário” está previsto para os próximos meses.


Conheça alguns dos benefícios da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo:

· abastecimento de água a alguns bairros;
· amenização de circulação de ventos em áreas providas de mata;
· retenção de escoamento de água;
· redução de custos de infra-estrutura urbana (galerias pluviais) e de serviços corretivos (piscinões) e de manutenção (desassoreamento);
lazer para a população;
· prevenção de doenças que se manifestam, especialmente, em crianças e idosos, devido a calor excessivo, aos ventos, poeira, enxurradas e estresse.
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