Acesse:

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Novo reitor implantará gestão profissional na UnG

Em sua primeira entrevista coletiva como reitor da Instituição, o professor Rogério Massaro Suriani expôs que as universidades precisam ter maior efetividade no trato com o mercado.
Portal UnG (10/07/2008) – Gestor educacional há 15 anos, o professor Rogério Massaro Suriani é um sujeito afável, de trato fácil e objetividade intrínseca. Assumiu o comando da reitoria da Universidade Guarulhos (UnG) na última semana, depois de um ano e meio de atuação do professor dr. Péricles Trevisan. O motivo da troca é pergunta comum, principalmente pela importância do cargo: dirigir uma instituição de 38 anos de vida e 20 mil alunos. A resposta é a necessidade de uma gestão que atrele paralelamente a área acadêmica e a administrativa, visando ajustar o modelo de educação oferecido hoje pela Universidade à necessidade do mercado. Como? Suriani mostrou alguns dos caminhos que trilhará durante sua primeira entrevista coletiva no cargo, realizada na terça-feira, dia 8,.

Graduado em Engenharia Naval e Oceânica pela Universidade de São Paulo (USP) e em Mídias Digitais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), com especialidade em Gestão da Educação Tecnológica pelo Senac, instituição onde também foi reitor, Suriani não pretende medir esforços nem poupar ferramentas para cumprir tal missão. “No mundo da educação superior privada, a exemplo de qualquer outro setor nesses tempos, de nada adianta formar profissionais com qualidade se não houver interessados em absorvê-los. O pulo do gato é descobrir o perfil de pessoas que o mercado necessita e oferecer isso a ele”, enfatiza o reitor. “Ao invés de formar um profissional e colocá-lo no mercado de trabalho para um potencial empregador, vamos agora fazer o contrário: descobrir exatamente o que esse busca”, complementou.

O professor Rogério admira e elogia o trabalho realizado pelo seu antecessor, que colaborou para um crescimento de 40% no número de ingressantes na Universidade em 2007. A esse trabalho de características acadêmicas, que ele pretende dar continuidade, irá somar ferramentas de administração, de informações de mercado, o que dará maior efetividade à gestão da Universidade. Experiência para isso o docente tem: gestão de unidades de negócios, elaboração e implantação de planos estratégicos, desenvolvimento de novos produtos e serviços e gestão estratégica de recursos são alguns dos conhecimentos destacados no currículo do reitor.

Embora ainda esteja em fase de interação do contexto universitário da UnG e não de elaboração de projetos, há algumas iniciativas que o reitor, em breve, pretende colocar em prática. Um exemplo é a exploração para o mercado da diferença dos cursos de bacharelado e de tecnológicos. Este último cresceu 600% nos últimos dez anos e é a principal ferramenta utilizada pelos norte-americanos para suprir a demanda de mão-de-obra do mercado. “Percebo que ainda há um preconceito das empresas brasileiras em relação aos cursos tecnológicos. Precisamos mostrar que, assim como no bacharelado, formam profissionais de extrema competência, com conhecimentos sólidos. Essa modalidade de curso tem importância vital para a continuidade do desenvolvimento do País”, afirmou o reitor.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista coletiva do professor Rogério Massaro Siruani. Ao todo, mais de 12 veículos de Guarulhos, São Paulo e Itaquá compareceram ao evento.

Mutação do ensino

O mercado educacional brasileiro mudou muito nos últimos anos. Antigamente, você lançava o curso e a demanda batia à sua porta; havia uma demanda reprimida. Hoje, as instituições de ensino precisam conhecer o público que pretende empregar seus alunos; ter bem definidos seus objetivos, apontar seus diferenciais. Toda e qualquer IES precisa de pesquisa, de novos conceitos para incorporar ao processo de ensino. O surgimento de cursos de tecnólogo e uma série de movimentos educacionais para atender ao mercado são alguns exemplos. Muitas vezes nós olhamos para o mercado e descobrimos que não estamos formando profissionais com o perfil que ele deseja. É por isso que nós, gestores educacionais, precisamos estar atentos à real necessidade dos empregadores, não apenas a atual, como também a necessidade que se fará presente daqui há quatro, cinco anos. Instantaneamente existe demanda, mas um curso projetado para a atualidade visando suprir esse imediatismo, muito provavelmente, quando o aluno se graduar, o mercado não mais necessitará dessa mão-de-obra. A demanda já será outra, pois o mercado é mutável. A minha vinda para a UnG tem esse caráter, de ser mais objetivo, aplicado, buscar o estreitamento de relação com as entidades sem abandonar o lado acadêmico. Não podemos esquecer que a universidade é caracterizada pelo tripé ensino, pesquisa e extensão.

Fronteiras
O mercado educacional, na medida em que ele se profissionaliza, que caminha em direção à necessidade do público, é normal que force as instituições a sair do espaço onde construíram sua história, assim como acontece com a UnG. Em cada unidade que a Universidade Guarulhos instalou, seja em Guarulhos, Itaquá, no Jabaquara ou na Região Central da Capital, no Shopping Light, há um foco diferente de atuação. A Instituição buscou concentrar os cursos de acordo com a localização das unidades e suas necessidades de mão-de-obra. Contudo, é bom que deixemos claro um fato: não existe mais de uma UnG. A proposta da Universidade é única, assim como sua diretriz. No entanto, existem particularidades de cada curso, mercado de trabalho e profissionais que devemos respeitar ao oferecermos uma formação. E é essa a busca que nós estamos empreendendo, tanto em Guarulhos, como em São Paulo e em Itaquá. É um processo longo. São Paulo, por exemplo, é um mercado muito grande e cheio de variáveis. E o que estamos fazendo é estudar a área de influência de cada unidade para traçar o perfil mais adequado de curso. É um começo bastante tímido, mas a proposta é essa mesmo, pois não existe crescimento explosivo se você não der passos seguros.

Foco no mercado
Nós podemos sempre ampliar ou reduzir a oferta de cursos. Isso depende muito da demanda de aquecimento do mercado, do interesse do público pela educação, do crescimento da Classe C, que teve sua receita melhorada e decidiu investir em formação superior. O número de cursos nem sempre é importante. Eu posso ter 100 títulos abertos e o mercado só absorver profissionais de 80 deles, porque é ele quem manda. Minha meta é trabalhar para concentrar oferta onde o mercado absorve 100%.

Pesquisa
Somos referência na área do mestrado, com notas excelentes. A aprovação do doutorado também mostra nossa força, nossa qualidade em pesquisa, nossa busca pela inovação. Os mestrados e o doutorado da UnG desenvolvem estudos e ações que trazem conhecimento para a base. Os cursos de Odontologia e Enfermagem, por exemplo, são grandes beneficiados em virtude das investigações feitas na pós-graduação.

Adequar à necessidade
Nós apresentamos ao Ministério da Educação o projeto pedagógico de cada um dos cursos que oferecemos, junto com as diretrizes que devem ser seguidas ao longo dos anos de formação. Uma gestão feita de olho na necessidade de mercado tende a adaptar seu plano de aula às exigências daquele momento. Por exemplo: se o professor que vai ministrar aquela disciplina do quarto ano, cujo conteúdo parece estar muito distante da demanda de hoje, tem a flexibilidade de propor pequenas adaptações, de trazer, de repente, um profissional de mercado que está antenado a essas necessidades. Com isso, você consegue atualizar o seu aluno, ter a vantagem de oferecer ao mercado o que ele precisa, sem, efetivamente, mudar o plano de curso já aprovado. Você consegue adequar o plano à situação do mercado.

A Universidade deve olhar para o mercado e persegui-lo. Precisamos ter olhar futurista e capacidade de planejar o que acontecerá daqui há quatros, cinco anos. Essa será também uma de minhas funções como reitor da UnG. A questão acadêmica da Universidade está bastante sólida, consolidada. As avaliações externas do MEC comprovam isso. O que nós precisamos é acompanhar o mercado. Onde estaremos daqui a cinco anos? Não é apenas um desejo meu nem da Instituição que irá ditar essa resposta, mas sim a necessidade do mercado empregador, que é guiado pela economia, pelos altos e baixos da cadeia produtiva. Veja o exemplo da área de meio ambiente. Surgiu como uma moda, depois tornou-se uma área muito bem estabelecida e que necessita de profissionais das mais diferentes áreas do conhecimento.

Tecnológico e bacharelado
O aluno vem aqui conhecer os conceitos da ciência que está estudando. Isso é o fundamental. O que acontece de modificação na carreira ao longo desse trabalho deve ser acompanhado pelas disciplinas. Os cursos tecnológicos têm um alvo muito fechado, muito focado, direto no mercado de trabalho, em necessidades que existem na atualidade. O bacharel caminha para a ampliação desse escopo: o que lhe dará mais conceito, o que lhe permitirá, no futuro, ter mais opções do mercado de trabalho. Para ambos os casos existe uma necessidade de educação continuada, para que o profissional permaneça afiado com o conhecimento.


Veja a galeria de fotos

Veja a galeria de fotos

Compartilhe:

Voltar